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Foto do escritorLevi Castro

Resenha - Filme: Limite (1931)

Eleito pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) o melhor filme brasileiro de todos os tempos, limite é uma obra peculiar para não dizer magnífica pela sua mística. O filme foi lançado em 1931 sobre direção do ainda jovem diretor Mário Peixoto e sobre a fotografia única de Edgar Brasil, limite não obteve repercussão no período de seu lançamento, chegou a ser esquecido por um tempo, quando chegando próximo de deterioração foi sendo restaurado havendo reexibição em 1978 e mais recentemente em 2011 totalmente restaurado pela Cinemateca Brasileira.

O filme é cheio de tons artísticos, todavia não são tons artísticos comuns, de modo que a trama exige sensibilidade do espectador e uma certa percepção aguçada de quem já possui o costume sobre o consumo do cinema moderno. Visto que limite é um filme mudo na questão dos diálogos entre os personagens e o paralelismo do tempo atual em que os personagens se encontram desolados no meio do mar em um barco, e as histórias particulares de cada um retratadas em flashbacks com um manejamento de câmera único, em que muitas vezes o espectador sente que está na cena e enxerga sobre a ótica dos personagens. Mais especificamente limite é um filme experimental ou cinema de vanguarda no termo comum europeu entre 1920 e 1930.

Além da fotografia, a trilha sonora em música clássica se encaixa a todo o tempo durante as cenas. Sendo o tema central a composição de Erick Satie Gymnopédie 1 em orquestra. A fotografia retrata em paralelo os detalhes do cotidiano monótono dos personagens, a perspectiva contemplativa da natureza e os estados de angústia dos personagens quando estes se encontram desistentes de suas vidas sobre um barco no meio do mar.A sinopse se passe sobre a vida de uma mulher fugitiva da prisão sobre o cúmplice de um carcereiro, que não se encontrou em paz em liberdade, uma mulher desiludida sobre o fracasso do seu casamento e o desleixo do marido alcoólatra e um homem viúvo que se apoia num romance com uma mulher casada, que posteriormente descobriria que ela é leprosa. O filme é uma obra de arte em conteúdo e técnicas, todavia de pouca estima para o cinema comercial, talvez pela forma que a mensagem é passada do que propriamente pela mensagem. Limite de Mário Peixoto é uma ousadia e talento em retratar a vida de uma proximidade mais sutil e vulnerável do ser humano no seu estado de "limite" existencial.

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