Arte em sua excelência não é para entreter, isto é, no seu sentido real, o papel da arte é transmitir emoções espirituais, fazer o outro pensar e refletir por meio de uma mensagem. Partindo desse fato, recomeço cumpre muito bem a sua proposta. Pois é uma minissérie que passa longe de ser um passatempo para maratonar e se entreter.
Inspirado no livro de memórias da atriz Tembi Locke, a produção da netflix, recomeço retrata a linda e densa história de amor entre Amy e Lino. Durante um intercâmbio de arte na Itália, Amy conhece Lino, um charmoso chef de cozinha. Os dois se apaixonam de forma bela, e mesmo com as diferenças, os dois mergulham de cabeça e decidem viver um grande amor.
No entanto, embora haja um verdadeiro amor entre os dois, as circunstâncias da vida cercam o casal por vezes de forma dura. Lino é siciliano, Amy, além de norte americana, é negra o que gera reprovação por parte da família de Lino. Além disso, Lino deixa a Itália para viver com Amy nos EUA, onde passam por muitas dificuldades, até se estabilizarem como casal, devido a adaptação de Lino no país.
Nesse ínterim, a série mostra todo seu valor em conter cenas belas e bem construídas, mas, ao mesmo tempo se mostrar realista de forma muita plausível. De modo que, a entrega dos atores, atrelado aos fatos que norteiam os personagens, causam um misto de sensações no espectador. No sentido de causar pesar mesmo. Até mesmo o espectador mais frio, pode não vir a se emocionar e cair em prantos, mas certamente será tocado pela tensão das cenas, tal como será levado a refletir muitas vezes sobre a vida e suas nuances.
A produção tem um potencial dramático muito forte, mas nem por isso deixa de ser bela, pois possui uma elegância em transmitir sentimentos, sensações e expressões de forma única. E isso é mérito dos atores, roteiro e direção. Desse modo, se a proposta é passar uma mensagem de resiliência, companheirismo com o complemento de retratar um peculiar amor da vida real. Certamente recomeço cumpriu com excelência e capricho.
Komen